O Brasil e o holocausto

Há decisões que não apenas marcam um governo, mas mancham a memória de um povo. A recente retirada do Brasil da Aliança Internacional em Memória do Holocausto é uma dessas decisões que entristece o coração e deve ser repudiada por todos aqueles que amam a verdade, a justiça e a memória histórica.

O Holocausto não foi um simples episódio da história; foi uma das maiores tragédias da humanidade, em que milhões de vidas — em sua maioria judeus — foram esmagadas pela máquina de ódio do nazismo. A memória desse horror não é negociável. Esquecer é permitir que as trevas se repitam. Como diz o sábio em Eclesiastes 1:11: “Já não há lembrança das coisas passadas; e das coisas futuras também não haverá memória entre os que hão de vir depois.” Por isso, cultivar a memória é um ato de justiça, amor e fidelidade às gerações futuras.

Quando um país se afasta de uma aliança que visa manter viva essa lembrança, ele não apenas dá as costas à história, mas também enfraquece sua autoridade moral diante do mundo. Como cristãos, temos a responsabilidade de ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5:13–14), o que inclui denunciar atitudes que relativizam o mal e banalizam a memória das vítimas.

A decisão brasileira soa como uma traição não apenas ao povo judeu, mas à própria verdade. Israel, com todas as suas imperfeições humanas, carrega consigo uma marca bíblica incontestável: é o povo da aliança, guardião de promessas feitas por Deus (Rm 9:4–5). O mínimo que devemos fazer é honrar sua dor e não desdenhar de sua memória.

Lutero certa vez disse que “esquecer a história é desprezar a graça de Deus nela revelada”. Ao negligenciar a lembrança do Holocausto, o Brasil não apenas despreza a história, mas também fere a dignidade humana. O apóstolo Paulo nos exorta em Romanos 12:15: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.” Chorar com Israel é um ato de amor cristão; virar as costas à sua dor é desumano.

Portanto, como pastor e servo do Senhor, conclamo a igreja a permanecer firme em oração por Israel, pelo Brasil e por todos os povos. Devemos ser uma voz contra o esquecimento, um povo que não se curva à política quando esta despreza a verdade. A memória do Holocausto deve ser preservada, não apenas por respeito às vítimas, mas porque recordar é resistir ao mal.

Que o Senhor nos dê coragem para repudiar atitudes que mancham a verdade e sabedoria para sermos, em nosso tempo, fiéis guardiões da memória e da justiça de Deus.

“O Senhor é justo em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras.” (Sl 145:17)