Jesus e os pobres, nenhuma semelhança com o socialismo

Hoje a pobreza é quase tão comum quanto as doenças. Na época do ministério terreno de Jesus, essa realidade era muito mais forte. Nos Evangelhos, Jesus curava com muita frequência, principalmente os pobres. Contudo, mesmo encontrando multidões de pobres diariamente, ele só os alimentou em duas ocasiões específicas, não porque simplesmente eles eram pobres, porém porque nessas ocasiões as multidões vieram ouvir o Evangelho cedo de manhã e permaneceram com ele três dias inteiros ouvindo o Evangelho. As multidões passaram tanto tempo ouvindo a Palavra de Deus dos lábios de Jesus que ficou muito tarde, quase de noite, no terceiro dia para voltarem e se alimentarem, pois o lugar em que estavam era deserto e distante, longe de casas e lugares onde poderiam encontrar alimento.

Não há a menor dúvida de que se os adeptos do Evangelho social estivessem no lugar de Jesus, eles alimentariam os pobres já no primeiro dia e todos os dias, ou então utilizariam a maior parte de seu tempo não para proclamar e demonstrar o Evangelho do Reino de Deus, mas para pressionar as autoridades para cobrarem mais impostos para ajudar os pobres.

O Evangelho social dos evangélicos progressistas (ou esquerdistas, petistas, comunistas, socialistas, adeptos da teologia da libertação ou qualquer outro rótulo que eles utilizem) é tão convidativo quanto a visitação de um anjo de luz trazendo um evangelho cheio de propostas interessantes para os pobres. Mas assim como nem tudo que reluz é ouro, nem tudo o que tem aparência angelical é de Deus.

Tal qual os evangélicos progressistas, a igreja primitiva tinha também uma preocupação obsessiva de ajudar todos os pobres da sociedade? A igreja primitiva tinha como principal missão pressionar o governo para “ajudar” todos os pobres? Não. A igreja primitiva não só não ajudava todos os pobres da sociedade, como também era extremamente seletiva na assistência aos pobres que estavam em seu meio.

Quando a nação de Israel estava passando por uma crise geral de fome, Paulo mobilizou as igrejas de outros países para ajudar — não os pobres em geral da nação de Israel, mas somente as igrejas, que também estavam passando necessidade. E mesmo nas igrejas, a ajuda não era dada a qualquer pessoa.

A ajuda de Paulo era distribuída dentro das igrejas judias. E qual era o padrão que Paulo utilizava para ajudar quem era da igreja? Uma boa pista de como Paulo e as igrejas procediam na assistência aos pobres encontra-se no texto em que Paulo trata da questão das viúvas pobres nas igrejas. De acordo com Paulo, essas viúvas pobres só poderiam receber assistência material da igreja se tivessem demonstrado bom testemunho durante sua vida. Paulo recomenda a Timóteo, um dos pastores sob sua liderança:

“Cuide das viúvas que não tenham ninguém para ajudá-las. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, são eles que devem primeiro aprender a cumprir os seus deveres religiosos, cuidando da sua própria família. Assim eles pagarão o que receberam dos seus pais e avós, pois Deus gosta disso. A verdadeira viúva, aquela que não tem ninguém para cuidar dela, põe a sua esperança em Deus e ora, de dia e de noite, pedindo a ajuda dele. Porém a viúva que se entrega ao prazer está morta em vida. Timóteo, mande que as viúvas façam o que eu aconselho para que ninguém possa culpá-las de nada. Porém aquele que não cuida dos seus parentes, especialmente dos da sua própria família, negou a fé e é pior do que os que não crêem. Coloque na lista das viúvas somente a que tiver mais de sessenta anos e que tiver casado uma vez só. Ela deve ser conhecida como uma mulher que sempre praticou boas ações, criou bem os filhos, hospedou pessoas na sua casa, prestou serviços humildes aos que pertencem ao povo de Deus, ajudou os necessitados, enfim, fez todo tipo de coisas boas.” (1 Timóteo 5:3-10 NTLH, o destaque é meu.)

Contudo, os evangélicos progressistas têm ambições muito mais elevadas para “ajudar” as viúvas e outros necessitados. Eles não querem simplesmente que as igrejas ajudem todos os pobres. Eles querem que o governo faça isso. Na proposta deles, os nossos recursos, através de impostos, seriam redistribuídos pelo governo para atender às necessidades dos pobres, quer esses necessitados mereçam ou não. Se não é justo quem trabalhou não receber o que merece, também não é justo o imposto do trabalhador se escoar na assistência a pobres que vivem na imoralidade ou outros tipos de perversão. Afinal, ao contrário das pregações “proféticas” dos progressistas, a corrupção, o mal, a imoralidade e a perversão não são qualidades exclusivas dos ricos.

A Bíblia é bem clara que todos são pecadores: ricos e pobres, pretos e brancos, etc. A Bíblia também é bem clara na orientação para a igreja de quem dos necessitados merece a assistência da igreja. A igreja tem o chamado de ajudar, sob a direção da Palavra de Deus, e tem o chamado igual de fazer uma triagem de quem merece e não merece ajuda. Só os pobres moralmente aptos são qualificados. Tal norma não era legalismo, mas medida prudente. Seu autor, o apóstolo Paulo, era um ardente combatente contra o legalismo, sempre condenando-o. Assim, quem tentasse julgar essa triagem necessária como legalismo estaria apenas fazendo julgamento precipitado e cruel da preciosa direção de Paulo à igreja em suas responsabilidades para com os necessitados.

Precisamos então aprender com Jesus a ter como principal preocupação levar os Evangelho aos pobres. E precisamos aprender com Paulo a ajudar os pobres com amor e prudência. É claro que essa tarefa só pode ser melhor realizada pela igreja. Por mais boa vontade que o governo tenha em cumprir tudo o que os progressistas desejam, a fria máquina governamental jamais saberia aplicar os princípios bíblicos, pois não pode substituir nem a Deus nem a igreja, embora lute incansavelmente para ocupar ambas as posições.


Autor: Júlio Severo

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