Disciplina na igreja

Até pouco tempo, ser “evangélico” indicava vagamente aqueles protestantes de todas as denominaçoes – presbiterianos, batistas, metodistas, anglicanos, luteranos e pentecostais, entre outros – que detinham pelo menos três características: consideravam a Bíblia como Palavra de Deus, autoritativa e infalível; eram conservadores no culto e nos padrões morais; cultivavam uma visão missionaria. Hoje, no Brasil, o termo não abrange mais tais itens, mas tem sido usado para se referir a todos os que, no âmbito do cristianismo. não são católicos romanos: protestantes históricos, pentecostais, neopentecostais, igrejas emergentes, comunidades dos mais variados tipos etc. Os evangélicos tem tido dificuldade para escolher uma única palavra que os defina, já que “evangélico” praticamente perdeu seu sentido original. Quando, para nos identificarmos, precisarmos pedir licença para tecer longas explicações e depois temos de lançar mão de três ou quatro atributos. isto é sinal de que a coisa está realmente feia.

Quando me converti ao cristianismo, era em uma igreja pentecostal que tem na sua história uma tentativa de romper com o legalismo, lembro-me que quando fui a igreja pela primeira vez fiquei impactado pelo amor e a forma diferente dos irmãos daquela igreja, aos poucos fui conhecendo a igreja e seus costumes, observei que nem tudo era liberado aos membros daquela igreja.

Contudo, a igreja parecia realmente viver aquilo que seu pastor presidente escrevera em seu livro,-É proibido, do pastor Ricardo Gondim -. Ainda hoje muitas igrejas tem tentado tirar o rótulo de legalista, mas ao tentar fugir do legalismo tem caído em uma perigosa armadilha, a falta de disciplina, o que tem levado igrejas a um liberalismo sem precedentes, alias, foi por isso que o ministério o qual conheci a Cristo fracassou no Ceará.

É evidente a crise gigantesca em que os evangélicos se encontram: indefinição quanto aos rumos teológicos. multiplicidade de teologias divergentes. falta de liderança com autoridade moral e espiritual. derrocada doutrinaria e moral de lideres que um dia foram reconhecidos como referenda, ascensão de lideres totalitários que se autodenominam pastores, bispos e apóstolos, conquista gradual das escotas de teologia pelo liberalismo teológico, ausência de padrões morais que pautem ao menos a disciplina eclesiástica, depravação da doutrina.

Como resultado. cada vez mais pessoas procuraram igrejas para se sentirem bem, para buscarem solução imediata de seus problemas. Sem sequer refletir nas questões mais profundas acerca da existência e da eternidade. migrando de uma comunidade para outra sem qualquer compromisso ou engajamento com a vida crista.

O que aconteceu para que 0 evangelicalismo brasileiro? Entendo que a Reforma, com sua teologia e pratica. nunca chegou plenamente a nosso pais. Como declarou alguém: “Somos evangélicos moldados por uma argamassa meio católica, melo espirita e pouco ou quase nada reformada”.

Na fuga quase que desesperada para fugir do legalismo criamos ou permitimos que a disciplina fosse frouxa ou em alguns casos nem houvesse, aos poucos, enfraqueceu-se a aderência aos pontos fundamentais, com o objetivo de alargar a base de “comunhão” com outras linhas dentro da cristandade. Com a progressiva redução do que era básico, e com a “desculpa” de fazer-se “loucos” para ganhar os loucos, nos perdemos e nós é que estamos loucos.

A igreja pentecostal vem sofrendo uma mutação, da teologia Armínio/Wesleyana tem passado ser caracterizada pela teologia pelagiana e semi-pelagiana, tal mutação acarreta várias consequências, como: neopentecostalíssimo, uma espiritualidade mística empírica, uma doutrina pragmática e centrada no homem, e por fim, a perda da cosmo visão bíblica. O que se vê hoje, é uma igreja evangélica limitada a ações isoladas e fragmentadas na área social e politica, muitas vezes sem conexão alguma com a visão crista de mundo.

A frouxidão doutrinária e teológica e a escassez de disciplina tem nos conduzidos a uma vida meramente religiosa, mas sem relacionamento íntimo com Deus, somos os novos “católicos”, buscamos avivamento mas não temos santidade, sem qual ninguém verá a Deus.

Hoje ouço muito falar em AVIVAMENTO ESPIRITUAL nos púlpitos ,mas quase não ouvimos falar em SANTIDADE, precisamos compreender de uma vez por todas, SEM SANTIDADE não haverá AVIVAMENTO.

A disciplina eclesiástica está em risco de extinção. Desde que o pós-modernismo encontrou lugar em nossas igrejas, qualquer conceito que ameace o individualismo e seu estilo de vida, logo é taxado de arcaico. Volto a afirmar que muitos dos que se denominam cristão, acreditam que santidade é apenas um comportamento interno da igreja e em nada tem haver com o procedimento secular dos membros. O medo da impopularidade tem levado muitos crentes a serem complacentes com o pecado e tem tentado inutilmente justificar certos atos como comum a natureza humana e que a bíblia e a igreja não devem interferir. Por outro lado, o que dizer daqueles que, em nome do zelo pela disciplina, cometem injustiças e causam mais males do que bens?

Em todo esse contexto, a disciplina tem vida curta e a tolerância consagra-se como a virtude da moda. Porém, o que acontece com uma igreja sem disciplina?

Biblicamente a disciplina na igreja tem um triplo objetivo:

  1. Reestabelecer o pecador (MT 18:15; 1CO 5:5; GL 6:1)
  2. Manter a pureza da igreja (1CO 5:6-8)
  3. Dissuadir outro (1TM 5:20)

Samuel apareceu a Saul? A pitonisa era médium?

Duas perguntas se destacam no controvertido episódio da Pitonisa de En-Dor, descrito em 1 Sm 8.19-20): 1. Samuel realmente apareceu a Saul? 2. Existe uma explicação bíblica para a mediunidade?

Os seguintes pontos são básicos para um entendimento sobre o assunto:

1. At 16.16 e Dt 13 são passagens que mostram que a Bíblia reconhece que Satanás utiliza pessoas com esse propósito de “intermediar” o oculto.

2. No entanto, esse meio de suposta “aquisição de conhecimento espiritual” é vedado por Deus (Dt 18.9-14). Em Dt 13.2-5 maior importância é dada à revelação prévia recebida (v. 4), como meio de comunicação de Deus ao homem, do que aos fenômenos e maravilhas porventura realizadas por agluém. A revelação escriturada (a Palavra de Deus) é a fonte confiável e está em harmonia com essa diretriz. Ela é o conjunto de revelação dada por Deus às pessoas

3. Is 8.19-20 mostra que o caminho certo de se prescrutar a vontade de Deus é a consulta à Palavra de Deus (“à Lei e ao Testemunho”), e não aos médiuns e advinhos.

4. Temos várias condenações adicionais a consultas aos médiuns, em Lv 19.31; Ex 22.18 e Lv 20.6.

5. No episódio da Pitonisa de En-Dor, pode ter existido uma manifestação de Satanás (2 Co 11.14), como pode ter havido um embuste da parte daquela que se propunha a invocar os mortos. Nesse sentido, leia com atenção 1 Sm 28.14: “… entendendo Saul que era Samuel…” No v. 13, a mulher disse “… vejo um deus que sobe da terra…”

6. Mesmo havendo a possibilidade dessa mulher ter sido enganada, ou de ter enganado a Saul, tudo ocorreu dentro da esfera de atuação de Satanás.

7. Não devemos ser indevidamente céticos, ou pseudo-racionais, afirmando que esses fenômenos não existem, pois tal posição não é bíblica, mas devemos ter a consciência de que fraudes existem com freqüência.

8. É improvável que a aparição fosse realmente de Samuel, servo de Deus, pela própria afirmação de que o espírito “subiu da terra…” e pela afirmação de Cristo, na parábola do Rico e Lázaro (Lc 16.26), de que os que com Deus estão não podem passar “… de lá para cá…”

Podemos fazer tatuagem ou colocar piercing?

Nos últimos três anos, a prática de tatuar o corpo tem se tornado cada vez mais popular. Tudo indica que esta moda veio para ficar. É fato que, mais e mais, receberemos visitantes e novos membros com tatuagens, e algumas bem místicas e mundanas! Além do mais, pressinto que já temos alguns membros sendo atraídos por essa ideia, pensando em tatuar um verso bíblico, uma palavra hebraica ou uma imagem do Cavaleiro no Cavalo Branco de Apocalipse 19 (que tinha escrito em sua coxa: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores). Sei que esta não é uma questão crucial para o evangelho e a igreja de Cristo. Porém, é algo que incomoda alguns e pode se tornar motivo de discórdia entre os irmãos. Como lidar com esses dilemas? Como preparar a igreja para lidar sabiamente com esta questão? Após orar, pesquisar e pensar sobre este assunto, cheguei às seguintes conclusões, que nas próximas linhas compartilho com o leitor.

Primeiro: Precisamos Ensinar o que a Bíblia diz!

Em Levítico 19:28, a Palavra diz: “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR”. À primeira vista, esta palavra parece resolver a questão, parece dizer: o cristão não deve fazer nenhuma marca no corpo; tatuagem é pecado. Porém, o contexto revela que o motivo desta proibição era evitar que os hebreus se identificassem com a idolatria dos caldeus. Como parte de seus rituais aos falsos deuses, os caldeus usavam lâminas afiadas para marcar o corpo. Essas marcas, ou cicatrizes, estavam diretamente relacionadas com a idolatria e culto pagão. Essa orientação era tão específica que, nos versos anteriores, Deus também proíbe outras práticas, tais como: adivinhação e feitiçaria (26). O cortar o cabelo dos lados da cabeça (deixando um tufo de cabelo no meio da cabeça) e o aparar as pontas da barba de uma maneira específica (27) – tudo estava relacionado com os rituais pagãos. (Andrew A. Bonar, A Commentary on Leviticus, The Banner of Truth Trust, Carlisle. Pensylvania, USA. Pg. 352)

Sim, acredito que este texto fala contra o uso de tatuagens ou qualquer outra prática que nos identifique com algum tipo de paganismo, idolatria, imoralidade ou tribo anticristã. Porém, não podemos aplicar este texto contra a pratica da tatuagem de nossos dias, pois os tempos passaram e a conotação mudou. Hoje, a grande maioria daqueles que se tatuam não o fazem por motivos espirituais ou religiosos, mas meramente estético/ decorativo (assim como a maioria das mulheres furam suas orelhas e usam brincos). Sendo assim, esta prática acaba enquadrando-se dentro daquelas questões relacionadas à liberdade cristã (Rm 14 e I Co 6:12).

Segundo: Precisamos Aplicar os princípios de Romanos 14 e I Coríntios 6:12

Usando os princípios destes dois textos, devemos orientar o cristão que considera fazer uma tatuagem, a fazer a seguinte autoavaliação:

Será que esta tatuagem irá glorificar o Senhor Jesus? Será que ela irá promover a minha pessoa ou a pessoa Dele? (6-8)
Será que esta tatuagem irá edificar os meus irmãos? Será que ela não irá entristecer ou escandalizar meus pais ou irmãos mais fracos? (15-21 e 15:1-2)
Tenho plena convicção em minha consciência de que isto agrada a Deus? (leia versos 22-23)
Será que isto não irá me dominar? (I Co 6:12) Esta é uma pergunta muito pertinente, porque vemos que muitos não conseguem se contentar com uma ou duas tatuagens, porém, como que numa obsessão, vão cobrindo o corpo com desenhos e mensagens.

Terceiro: Precisamos Ajudar as pessoas a considerar a questão

Os meios de comunicação não ensinam nossos membros a pensar. Nossa cultura promove o princípio da ética inconsequente, que diz: Siga o seu coração! Faça o que der na sua cabeça! Por isso, cabe aos pastores seguir o exemplo do Mestre que desafiava as pessoas a parar, observar, considerar e decidir (Mateus 6:25-32). A Bíblia diz que devemos viver com sabedoria (Pv 24:3). Por isso, precisamos ajudar aqueles que estão considerando fazer uma tatuagem a parar e pensar no seguinte: O que será que o bom senso e os fatos dizem a respeito desta prática? Abaixo, seguem dois fatos muito importantes.

Muitos se arrependem de terem feito uma tatuagem. Um estudo realizado pela Associação dos Dermatologistas Britânicos revelou que um terço dos ingleses que se tatuam se arrependem de terem feito isto. Nos Estados Unidos, na cidade de Pittsburgh, uma clínica especializada em tratamento dermatológico a laser diz que, nos últimos anos, a procura pela remoção de tatuagens cresceu em 50 por cento! E que este processo é longo, doloroso e caro. (www.hersutah.com, artigo escrito por Peter Sullivan, publicado no Pittsburgh Post-Gazette em 1 de Agosto de 2012)
A tatuagem cria uma barreira social desnecessária. Muitas pessoas veem com desconfiança alguém com uma tatuagem. Por isso, uma tatuagem pode custar uma boa amizade, namoro, emprego, oportunidade comercial ou, pior, a oportunidade evangelística ou ministerial. Dr. Michael R. Mantell disse: “O mundo está dividido em dois tipos de pessoas: aqueles que têm tatuagem e aqueles que têm medo das pessoas tatuadas. Honestamente, eu fui criado entre este segundo grupo. Afinal de contas, quem eram as pessoas que usavam tatuagem em Newark, New Jersey, onde cresci? Marinheiros, criminosos, membros de seitas estranhas, roqueiros e gente ruim.” (San Diego Magazine, Agosto de 2009, A Psicologia da Tatuagem – www.sandiegomagazine.com)

Quarto: Precisamos Preparar a igreja para amar os tatuados!

Como já disse no início deste artigo: nos últimos anos a prática de tatuar o corpo tem se tornado cada vez mais popular. Tudo indica que esta moda veio para ficar. Mais e mais receberemos visitantes e novos membros com tatuagens bem místicas e mundanas. A igreja precisa ser preparada para receber os visitantes tatuados. Assim como Jesus recebia e até comia e bebia com os publicanos e pecadores, nós devemos receber os tatuados no amor de Cristo. E, caso Deus os alcance com Sua graça é obvio que devem ser integrados ao corpo de Cristo sem nenhuma reserva. Para isto, precisamos ajudar os membros da igreja, especialmente os mais preconceituosos, a buscarem em Deus sabedoria e amor para superar suas fraquezas, e aprender a ver as pessoas como Deus vê (I Samuel 16:7); aprender a ver, por trás das tatuagens, uma pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, ver uma alma que vale mais do que o mundo inteiro. Que Deus nos ajude a fazer tudo isto pela Sua graça, para Sua glória!

Soli Deo gloria

O Pentateuco

Em resposata a pergunta feita repetidas vezes…

O Pentateuco é um nome para os cinco primeiros livros da Bíblia, os quais estudiosos bíblicos conservadores acreditam que tenham sido em sua maioria escritos por Moisés. Embora os próprios livros do Pentateuco não identifiquem claramente o autor, há muitas passagens que os atribuem a Moisés ou como sendo as suas palavras (Êxodo 17:14; 24:4-7; Números 33:1-2, Deuteronômio 31:9-22). Uma das evidências mais importantes para Moisés ser o autor do Pentateuco é que o próprio Jesus se refere a esta seção do Antigo Testamento como a “Lei de Moisés” (Lucas 24:44). Embora alguns versículos do Pentateuco aparentem ter sido adicionados por alguém que não fosse Moisés — por exemplo, Deuteronômio 34:5-8 descreve a morte e sepultamento de Moisés – a maioria dos estudiosos atribui a maioria destes livros a Moisés. Mesmo se Josué ou outra pessoa realmente tivesse escrito os manuscritos originais, o ensino e a revelação foram dados por Deus através de Moisés, e não importa quem realmente escreveu as palavras, o autor final foi Deus e os livros ainda são inspirados.

A palavra “Pentateuco” vem de uma combinação da palavra grega penta, que significa “cinco”, e teuchos, que pode ser traduzida como “pergaminhos”. Por isso, “Pentateuco” refere-se simplesmente aos cinco pergaminhos que compõem a primeira das três divisões do cânone judaico. O nome Pentateuco pode ser rastreado até 200 DC, quando Tertuliano se refere aos cinco primeiros livros da Bíblia por esse nome. Também conhecido como a Torá, a palavra hebraica que significa “Lei”, esses cinco livros da Bíblia são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Os judeus geralmente dividem o Antigo Testamento em três seções diferentes: A Lei, Os Profetas e Os Escritos. A Lei ou Torá contém o fundo histórico da criação e da escolha de Deus por Abraão e pela nação judaica como o Seu povo escolhido. A Torá contém também a lei dada a Israel no Monte Sinai. As Escrituras se referem a estes cinco livros por vários nomes. Josué 1:7 diz: “Tão somente esforça-te e tem mui bom ânimo, cuidando de fazer conforme toda a lei (torá) que meu servo Moisés te ordenou” e também são chamados de “a lei de Moisés” em 1 Reis 2:3.

Os cinco livros da Bíblia que compõem o Pentateuco são o princípio da revelação progressiva de Deus ao homem. Em Gênesis encontramos o começo da criação, a queda do homem, a promessa de redenção, o início da civilização humana e o início do relacionamento de aliança entre Deus e o Seu povo escolhido, Israel.

O próximo livro é Êxodo, o qual registra Deus libertando o Seu povo da escravidão e sua preparação para a posse da Terra Prometida que Deus lhes tinha reservado. O Livro de Êxodo recorda a libertação de Israel do Egito depois de 400 anos de escravidão, assim como prometido por Deus a Abraão (Gênesis 15:13). Esse livro registra a aliança que Deus faz com Israel no Monte Sinai, as instruções para a construção do tabernáculo, a entrega dos Dez Mandamentos e outras instruções sobre como Israel devia adorar a Deus.

Levítico segue Êxodo e expande as instruções de como o povo da aliança (Israel) devia adorar a Deus e governar a si mesmo. Esse livro estabelece os requisitos do sistema sacrificial que permitiria que Deus esquecesse os pecados de Seu povo até o sacrifício perfeito de Cristo, quando o pecado seria expiado completamente.

Depois de Levítico temos o Livro de Números, o qual cobre os principais eventos durante os 40 anos que Israel vagou no deserto e dá instruções para adorar a Deus e viver como o Seu povo da aliança. O último dos cinco livros que compõem o Pentateuco é Deuteronômio. Muitas vezes refere-se a Deuteronômio como a “segunda lei” ou “repetição da lei”. Ele registra as palavras finais de Moisés antes do povo de Israel entrar na Terra Prometida (Deuteronômio 1:1). Em Deuteronômio, a Lei de Deus dada no Monte Sinai é repetida e explicada. Enquanto Israel entra em um novo capítulo de sua história, Moisés os relembra dos mandamentos de Deus e das bênçãos que seriam deles se obedecessem a Deus e as maldições que viriam de sua desobediência.

Os cinco livros do Pentateuco são geralmente considerados livros históricos por registrarem acontecimentos históricos. Embora sejam muitas vezes chamados de Torá ou Lei, na realidade eles contêm muito mais do que leis. Eles fornecem uma visão geral do plano de redenção de Deus e fornecem um pano de fundo para tudo o que se segue nas Escrituras. Como o resto do Antigo Testamento, as promessas, tipos e profecias contidas no Pentateuco têm seu cumprimento final na pessoa e obra de Jesus Cristo.

Soli Deo gloria

Por que Deus permite o mal?

A Bíblia descreve Deus como sendo santo (Isaías 6:3), justo (Salmo 7:11), reto (Deuteronômio 32:4) e soberano (Daniel 4:17-25). Esses atributos nos dizem o seguinte sobre Deus: (1) Deus é capaz de prevenir o mal, e (2) Deus deseja eliminar o mal do universo. Assim, se ambos são verdadeiros, por que Deus permite o mal? Se Deus tem o poder de prevenir o mal, e deseja fazê-lo, por que não o faz? Talvez uma boa maneira de encarar esse dilema seria considerar algumas situações alternativas de como as pessoas gostariam que Deus dirigisse o mundo:

1) Deus poderia mudar a personalidade de todas as pessoas para que não pudessem pecar. Isto também significaria que não teríamos o livre arbítrio. Não seríamos capazes de escolher entre o certo e o errado porque seríamos “programados” para apenas agir corretamente. Se Deus tivesse escolhido fazer isso, não haveria relações significativas entre Ele e a Sua criação.

Em vez disso, Deus fez Adão e Eva inocentes mas com a capacidade de escolher o bem ou o mal. Sendo assim, eles poderiam responder ao Seu amor e confiar nEle ou escolher a sua própria vontade. De fato, escolheram satisfazer a sua própria vontade. Porque vivemos em um mundo real onde podemos escolher as nossas ações mas não as suas consequências, o seu pecado afetou aqueles que vieram depois deles (nós). Da mesma forma, as nossas escolhas de pecar têm um impacto sobre nós e sobre aqueles que nos rodeiam.

2) Como uma outra opção, Deus compensaria pelas ações perversas através de uma intervenção sobrenatural 100% do tempo. Por exemplo, se um motorista embriagado provocasse um acidente automobilístico, Deus teria que proteger o motorista e as pessoas no outro carro de qualquer dano, pois haveria muitas pessoas que possivelmente sofreriam pelo acidente ou pela morte/ ferimentos dos envolvidos no acidente. Deus teria que proteger o motorista bêbado de bater nos postes de alta tensão, prédios, etc., porque essas coisas fariam com que pessoas inocentes sofressem.

Um outro exemplo pode envolver uma pessoa preguiçosa fazendo o encanamento de uma casa, e ele não se preocupa em verificar se há vazamentos antes da casa ser terminada. Deus teria que fazer que o encanamento não vazasse porque senão os compradores da casa teriam que sofrer por causa do pecado da pessoa preguiçosa.

Se um pai se viciasse em drogas e gastasse todo o seu dinheiro nesse vício, Deus de alguma forma teria tanto que milagrosamente proporcionar a comida quanto cuidar das necessidades sociais das crianças para que não tivessem que ser adversamente afetadas pelo mal do pai.

Em um mundo assim, Deus seria como um mau pai que permite um comportamento destrutivo de um filho desobediente. Não haveria consequências por suas ações e, como resultado, ninguém aprenderia integridade, pureza, honra, responsabilidade ou auto-controle. Não haveria “consequências boas” pelo comportamento correto, nem “consequências más” pelo comportamento errado. O que as pessoas se tornariam além de mais rebeldes e pecadoras?

3) Uma outra opção seria que Deus julgasse e removesse aqueles que escolhem cometer atos maus. O problema com esta possibilidade é que não sobraria mais ninguém, pois Deus teria que remover todos nós. Todos pecamos e cometemos atos maus (Romanos 3:23; Eclesiastes 7:20, 1 João 1:8). Embora algumas pessoas sejam mais perversas do que outras, onde Deus traçaria a linha? Em última análise, todas as perversidades causam danos a outras pessoas.

Em vez dessas ou outras opções, Deus escolheu criar um mundo “real” no qual as escolhas reais têm consequências reais. Neste nosso mundo real, as nossas ações afetam outras pessoas. Porque Adão escolheu pecar, o mundo hoje vive sob uma maldição e todos nascemos com uma natureza pecaminosa (Romanos 5:12). Haverá um dia quando Deus julgará o pecado no mundo e renovará todas as coisas, mas Ele está propositalmente “atrasando” a fim de permitir mais tempo para que as pessoas se arrependam e não precisem mais ser julgadas por Ele (2 Pedro 3:9). Até então, Ele SE PREOCUPA com o mal. Ao criar as leis do Antigo Testamento, Ele estabeleceu leis que desencorajassem e punissem o mal. Ele julgou as nações e os reis que desprezavam a justiça e buscavam o mal. Da mesma forma no Novo Testamento, Deus afirma que o governo tem a responsabilidade de prover a justiça a fim de proteger os inocentes do mal (Romanos 13). Ele promete também graves consequências aos que cometem atos malignos, especialmente contra os “inocentes” (Marcos 9:36-42).

Em resumo, vivemos em um mundo real onde as nossas boas e más ações têm consequências diretas e indiretas sobre nós e sobre os que nos rodeiam. Deus deseja a nossa obediência para o nosso bem, para que “bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre” (Deuteronômio 5:29). Em vez disso, o que acontece é que escolhemos o nosso próprio caminho e então culpamos a Deus por não fazer nada sobre isso. Tal é o coração do homem pecador. Entretanto, Jesus veio para mudar os corações dos homens através do poder do Espírito Santo. Assim Jesus é capaz de agir a favor dos que se voltam contra o pecado e clamam a Ele para que os salve do pecado e das suas consequências (2 Coríntios 5:17). Deus previne e restringe alguns atos de maldade. Este mundo seria MUITO PIOR se o Senhor não estivesse restringindo o mal. Ao mesmo tempo, Deus nos deu a capacidade de escolher entre o bem e o mal, e quando escolhemos o mal, Ele permite que nós e os que nos rodeiam soframos as suas consequências. Ao invés de culpar e questionar a Deus sobre os Seus motivos para não impedir todo o mal, deveríamos nos ocupar com a proclamação da cura ao mal e suas consequências – Jesus Cristo!

Soli Deo gloria

Não havia lugar para Jesus

Maria estava grávida pelo Espírito Santo e prestes a dar à luz a seu filho primogênito. Ele deveria receber o nome de Jesus, pois salvaria o seu povo de seus pecados. José, cumprindo ordem do imperador, precisa sair da Galiléia, rumo à Judeia para alistar. Quando José e Maria chegaram de Nazaré a Belém não havia lugar para eles nas estalagens. As pensões estavam todas ocupadas. As casas todas indisponíveis. Sem lugar para Jesus nascer, o casal não teve outra opção senão ir para uma Manjedoura, lugar onde os animais se alimentavam e eram recolhidos do frio da noite. O Filho de Deus, não encontrou lugar para nascer entre o homens e foi nascer entre os animais. Uma vez que era o Cordeiro de Deus, Jesus nasceu numa estrebaria, foi enfaixado em panos e colocado numa manjedoura. O criador do universo, o Verbo que se fez carne, o Salvador do mundo nasceu não num berço de ouro, mas no mais humilde dos berços. Sendo rico se fez pobre, sendo eterno entrou no tempo, sendo infinito foi enfaixado em panos, sendo o Rei da glória, se fez servo. Oh, imenso amor, incomensurável amor, eterno amor!

Dois mil anos se passaram e ainda hoje, as cidades, os campos, os homens estão cheios demais, ocupados demais para receberem Jesus. Não há lugar para Jesus nos corações. Os homens estão agitados demais, correndo demais, preocupados demais, aflitos demais. Eles não têm para Jesus. O Natal chegou mais uma vez. As ruas estão enfeitadas e multicoloridas. As lojas adornadas para atrair os consumidores. Os sinos repicam sua voz nas praças. Mas não há lugar para Jesus. Há lugar para o comércio. Há lugar para o lucro. Há lugar para os homens. Uns correm para presentear; outros buscam ser presenteados. Mas não há lugar para Jesus. Papai Noel, uma caricatura de piedoso Nicolau, bispo de Mira, na Turquia, tomou o lugar de Jesus. O Natal deveria nos remeter a Jesus, o Verbo de Deus que se fez carne, mas não é o nome de Jesus que aparece nas ruas, nas lojas, nas músicas, entre os homens.

As prefeituras municipais gastam milhões de reais para iluminar a cidade. O clima é de festa. As músicas enchem as praças. Há uma agitação nas famílias. É a corrida para se montar a árvore de Natal. É a busca intensa para gastar o décimo terceiro salário em presentes. É a corrida para se colocar à mesa os alimentos mais saborosos. Amigos e parentes se reúnem, comem, bebem, festejam, mas Jesus não é lembrado, seu nome não é exaltado. Aquele que é o dono da festa nem sequer foi convidado. Esse é um arremedo do verdadeiro Natal. É o Natal sem Jesus! É triste constatar que ainda não há lugar para Jesus.

Símbolos e mais símbolos foram agregados ao Natal. Presépio, árvore, guirlandas, sinos, pinheiros, mas nenhum deles está centrado na pessoa de Jesus. Somos criativos para fazer uma festa ao nosso gosto, uma festa que nos remete a nós mesmos. Mas, nessa festa não há lugar para Jesus. Ele é o grande ausente dessas celebrações que aquecem o comércio e reúnem as famílias e amigos.

Precisamos devolver o Natal ao seu verdadeiro dono. Precisamos recristianizar o Natal. Precisamos nos alegrar em conhecer o Filho de Deus, com grande e intenso júbilo. Precisamos adorar a Jesus como os magos do Oriente o fizeram, reconhecendo que ele é o Rei dos reis, que se fez servo; o grande Sumo Sacerdote, que ofereceu a si mesmo como o supremo sacrifício; o maior de todos os profetas, o conteúdo da própria mensagem da salvação. O verdadeiro Natal traz glória a Deus no céu e paz na terra entre os homens. Traz comunhão com Deus na história e bem-aventurança plena na eternidade.

Soli Deo gloria