Ano após ano cresce a chamada “bancada evangélica”, esse grupo tem alcançado grande força política, isso é indiscutível, a cada ano temos mais e mais candidatos “evangélicos” pleiteando um cargo político, ano passado tivemos um candidato membro da nossa igreja, e tive que responder a mesma pergunta várias vezes; O CRISTÃO PODE SE ENVOLVER EM POLÍTICA?. Os cristãos (e em especial os evangélicos) brasileiros nutrem uma aversão à política. Principalmente por esta estar associada a homens corruptos, cristãos de campanha, mentiras eleitoreiras, apostasia, satisfação de interesses pessoais, coisas que deixam o eleitor desconfiado das reais motivações que levam determinado candidato a lutar tanto por tal cargo. Unido a isto, temos uma fé afastada dos negócios do mundo, e então temos os destinos da sociedade entregue a incrédulos. Precisamos compreender melhor o papel do CIDADÃO e principalmente do CRISTÃO e aprender a viver um evangelho integral, que tenha uma palavra de juízo e graça para todas as esferas da vida humana, manifestando o Reino de Deus em nosso mundo.
Meu intuito aqui, é lançar luz sobre a questão apontando parâmetros para uma reflexão política e teológica à luz da Bíblia. Meu objetivo não é abordar a política partidária nem ideológica (esquerda, direita) no Brasil. Mas pensar política no sentido abrangente, o que não deixa de ser uma tarefa espinhosa, desafiadora e até polêmica. Creio que há citações, princípios e histórias de sobra nas Escrituras para elucidar nossa reflexão e aprimorar a nossa consciência cristã no âmbito do governo – o que se relaciona intimamente com o papel do crente em sociedade, sua vocação e missão no mundo.
Para não reinventar a roda, esse artigo é um compilado de vários artigos de escritores e teólogos com material muitas vezes exposto na internet.
É de Franklin Ferreira a afirmação de que “a Bíblia nos foi dada como Palavra de Deus num contexto eminentemente político”, o que deveria nos conduzir a uma reflexão política coerente com a cosmovisão cristã. Esta tarefa não é nada fácil, pois toca em pressupostos teológicos, a visão do Reino de Deus, a escatologia, além das inevitáveis preferências culturais. No entanto, espero sinceramente que nosso raciocínio lhe seja útil para a caminhada cristã, para a formação de uma consciência política. Afinal, todos desejamos deixar um país melhor para os nossos filhos e netos enquanto aguardamos o retorno de Cristo. Isto nos parece legítimo e pode favorecer a propagação da Palavra (Jr 29.7; 1 Tm 2.2,3).
Deve o cristão se importar com política?
A questão acima pode dividir os mais unidos irmãos em Cristo. A política que é feita pelos partidos em nosso Brasil é vista como interesseira, suja e corrupta pela maioria dos brasileiros. É como um mal necessário, algo sem solução, na visão de muita gente. Para outros, além de todo este signo negativo, o assunto é chato, complicado, irrelevante e não temos poder de mudar o curso das coisas. Junte-se a isto o jargão “política não é coisa de crente” e estaremos completamente fechados para a reflexão no assunto. E nada como o conceito da separação entre Igreja e Estado para nos dar razão para o afastamento de tudo o que se chama política.
Entretanto, segundo Robinson Cavalcanti, o protestantismo brasileiro começou com cristãos engajados, impulsionados por uma visão positiva do Estado e da influência cristã nele e por meio dele. A crença na dupla cidadania do crente – terrena e celestial – e de sua responsabilidade para com o mundo aprendida com os missionários estrangeiros também demonstra as raízes desta consciência de engajamento. Este grupo era representado pelos presbiterianos e congregacionais. O grupo que defendia um afastamento mais absoluto da esfera política era representado, especialmente, pelos pentecostais históricos. Segundo Cavalcanti, estes tinham tal pensamento em virtude de sua escatologia pré-milenista e visão negativa do futuro para a consumação dos eventos messiânicos finais. Daí a razão para não envolverem-se na política, pois o mundo deveria piorar, e não melhorar. Embora a lógica faça sentido, particularmente entendo que a doutrina do milênio, se bem compreendida, não precisa desembocar na alienação ou ausência de engajamento com o contexto em que vivemos, mesmo porque Deus não precisa do auxílio humano para concretizar Seus planos.
Cavalcanti continua seu raciocínio histórico mencionando o Golpe Militar de 1964 como o ponto chave que interrompeu a trajetória social e política do protestantismo brasileiro. A partir deste momento propagou-se algo novo e estranho, segundo ele, com o mote “crente não se envolve com política”. Sua conclusão é que, em nossos dias, a compreensão política dos evangélicos é bastante débil. Algumas igrejas e denominações lançam candidatos evangélicos com interesses exclusivistas, e não para o bem de toda a população, pautados por uma teologia de dominação e triunfalismo. E em alguns casos, candidatos ditos evangélicos concorrem como qualquer outro candidato interesseiro para se aproveitarem do dinheiro que é dividido entre os corruptos em detrimento do povo.
Em nossos dias, o impacto dos evangélicos nas urnas do nosso país é um fato. Sabemos do crescimento abrupto de evangélicos na última década, chegando a somar em torno de 22% da população brasileira (42,3 milhões) segundo o último censo IBGE em 2010. Este crescimento deveria, com toda certeza, mudar para melhor os valores, a ética, as relações e estruturas do país, corroborando para uma nação mais justa em todos os aspectos. Entretanto, a impressão que temos é a de um declínio nestas áreas. Neste caso, ou as igrejas estão abrigando ímpios, ou os justos estão alienados, ou as duas coisas ocorrem paralelamente. A implicação aqui é que a presença de cristãos verdadeiros numa nação resultará em transformação de contextos e produção de cultura por meio de boas políticas nas micro e macro- relações.
É evidente que, a despeito da política, precisamos orar por nossa pátria terrena, evangelizarmos de modo efetivo, discipularmos corretamente e sabermos discernir a Palavra de Deus. Mas também precisamos relacioná-la com os problemas atuais e estudarmos os ensinos políticos, sociais e econômicos das Sagradas Escrituras juntamente com o desenvolvimento do pensamento cristão na História. Deste modo contribuiremos para o despertamento de vocações que se materializarão no espectro da cidadania, ornando em tudo a doutrina de Deus nosso Salvador (Tt 2.10). Assim, poderemos compreender melhor o conceito de “co-beligerância” ensinado por Francis Shaeffer que defende a busca de pontos de contato com a sociedade e a cultura para defender a justiça, a paz, o direito e as boas causas enquanto Cristo não vem.
Fundamentos para a Reflexão e Ação Política segundo a Bíblia
É preciso reconhecer que houve equívocos da parte de cristãos na política nos últimos vinte séculos, especialmente quando se quis impor uma religião a todos. Quando nos esquecemos do ensino de Jesus “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, incorremos em erro de misturar o que é heterogêneo. Porém, os exemplos positivos são muitos, que trouxeram progresso nas relações humanas, no valor do indivíduo, no conceito de liberdade, na abolição da escravatura, na dignidade da mulher, na legislação e execução da justiça e na construção social como um todo. Segundo Wayne Grudem:
“… a influência cristã levou à extinção males como o aborto, o infanticídio, as lutas entre gladiadores, os sacrifícios humanos, a poligamia, a prática de queimar vivas mulheres viúvas e a escravidão, bem como essa influência levou à concessão de direitos de propriedade, direitos de voto e outras salvaguardas para as mulheres”.
Poderíamos argumentar em favor da influência cristã nos governos chamando alguns reformadores e cristãos professos que abençoaram o ocidente com sua ética e valores bíblicos. A história da Inglaterra e Estados Unidos são exemplos clássicos deste fato. Nos Estados Unidos a boa influência cristã está registrada nos dizeres de sua Constituição. E há outros tantos lugares que foram abençoados com leis humanitárias como a China, por exemplo, quando aprovou a proibição de enfaixar os pés das mulheres. Contudo, apesar de todo este testemunho penso que precisamos do apoio das Escrituras.
Numa breve viagem pelas páginas do Livro nos lembramos de Noé, quando saiu da arca e recebeu de Deus um “norte” político acerca do valor da vida humana e o devido castigo para o crime de homicídio (Gn 9.5,6). Recordamos a trajetória de José, o governador do Egito, que alimentou nações com sua sabedoria e salvou sua família conforme os intentos soberanos e redentores de Deus. Posteriormente, observamos os diálogos entre Moisés e Faraó e as pragas divinas lançadas a todo o Egito por causa de um soberano endurecido aos propósitos do Senhor. A própria dádiva da Lei ao povo no Sinai estabeleceu políticas que expressavam o caráter de Yahweh à nação da Sua Aliança. Em Juízes observamos o caos generalizado quando não havia rei em Israel e cada um fazia o que lhe parecia mais certo. A história dos reis e profetas da monarquia dividida denunciou, entre outras coisas, a injustiça social e a necessidade de socorro aos que são chamados por Tim Keller de quarteto dos miseráveis do AT (o pobre, a viúva, o órfão e o estrangeiro). Outros servos notáveis do Senhor que serviram em posição de autoridade fora da teocracia em Israel foram Daniel, Neemias e Ester. Ambos mantiveram a integridade e expressaram fé em Deus no campo minado da política mundial.
No Novo Testamento, vemos Jesus lidando com o poder romano instituído e dizendo “dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Tm 22.21). Podemos ainda citar Paulo, o apóstolo, e suas pregações a Félix e Festo, sua menção a convertidos da casa de César e as diversas orientações cristãs para a vida em sociedade. A Bíblia ainda nos apresenta Pedro e João escrevendo sobre os acontecimentos apocalípticos de largas implicações políticas no mundo e a consumação do governo de Cristo.
Como vimos, a Palavra de Deus mostra Sua autoridade e eternidade em meio aos frágeis domínios humanos. A Bíblia não silencia sobre o assunto, e devemos estudá-la para a reflexão e ação coerentes no mundo, em todas as suas esferas. Abaixo alisto três pilares que considero fundamentais para a reflexão e ação política do cristão:
- O mandato cultural ordenado por Deus na Criação (Gn 1.26,28;2.15). Recebemos de Deus a tarefa de sermos continuadores da Criação, cultivando, guardando, governando e dominando sobre o universo criado. A isso a Teologia tem denominado “mandato cultural”, que nos foi dado antes da Queda e se expressa hoje na consciência da soberania de Cristo sobre tudo. Recebemos de Deus uma responsabilidade e inclinação para nos organizarmos, definirmos espaço e território, nomearmos coisas e promovermos o bem. Esta é a essência do que deveríamos chamar política – a arte ou ciência da organização, direção e administração visando o bem comum. Se para Aristóteles o homem é um “animal político”, na narrativa de Gênesis ele é um ser essencialmente político. Com este alicerce em mente é que devemos pensar a política.
- A missão cristã de fazer o bem (Mt 5.15,16; At 10.38; Gl 6.10; Ef 2.10; Tt 2.14;3.8). Quanto a este ponto não temos dúvidas e é desnecessário explicações. O exemplo de Jesus a todos nós, suas palavras e as orientações apostólicas do Novo Testamento corroboram para a ideia de uma vida piedosa na prática do bem. A influência cristã na esfera governamental deve construir suas ações neste prumo, fazendo o bem em serviço ao Senhor, com ética e integridade, para ornar em tudo a doutrina de Deus nosso Salvador. Um cristão não serve aos homens e suas coligações partidárias, mas a Deus em primeiro lugar, e a Ele prestará contas.
- O projeto do Reino (Sl 2; Mc 1.14,15; Jo 18.36; At 1.6-8; 1 Co 15.24-28; Fp 2.9-11). A narrativa bíblica apresenta o Senhor Deus reinando por direito e executando Seu propósito de salvação e justiça a toda criação, que se colocará de joelhos, de fato, ante Seu governo futuro. Este é um projeto em andamento, desenrolado no progresso da revelação mediante a graça e misericórdia de Deus, que dá Sua Palavra, Suas promessas e Seu Filho por nós, a fim de que sejamos salvos da ira. Pela fé no Filho, homens e mulheres de todas as nações são incluídos no Reino inaugurado por Jesus, embora ainda não consumado sobre toda a criação. A Igreja é a comunidade do Reino que anuncia o evangelho lembrando o dia em que Deus julgará os vivos e os mortos. Os súditos de Jesus já vivem a realidade e o poder deste Reino em terra estranha aguardando a sua plena manifestação já garantida pela ressurreição de Cristo e Suas promessas. O acabamento da História deve nortear nossa visão de vida prevenindo-nos das ilusões ideológicas e direcionando nossa fé na direção certa, a saber, Deus. O verdadeiro Rei é Ele, e todos os governos do mundo prestam-lhe submissão. O político cristão não pode perder esta perspectiva. E é bom lembrarmos que Deus não precisa de nenhum auxílio humano para cumprir Sua agenda escatológica.
Com estes fundamentos em vista, os cristãos com vocação política servirão como uma bússola moral em benefício da sociedade como um todo. Não impondo religião a ninguém, mas advogando em prol da vida com base em pressupostos eternos. Tal influência declarada será útil em frentes como a da liberdade e do direito individual, da responsabilidade do cidadão perante o Estado, da segurança pública, da justiça, da proteção ao meio ambiente, da pobreza, do aborto, da pornografia, do tráfico de pessoas, do casamento entre indivíduos do mesmo sexo, do combate às drogas e ao crime organizado, da corrupção, da erradicação da fome, da saúde pública, da educação, da liberdade religiosa, da família, etc. É de cristãos genuínos que acreditam na Bíblia que deveríamos esperar pronunciamentos morais robustos e consistentes que beneficiem a todos e agradem a Deus.
Não podemos em nenhuma hipótese esquecer que a primeira missão do Cristão é anunciar a Cristo, e que nossa esperança e salvação estar em Cristo.
Em uma discussão recente com um amigo que auto denomina-se cristão, ele defendia além da ideologia política (não é o alvo deste post), que a sociedade só seria “salva” pela politica, dizendo ele que sem uma intervenção política o homem está entregue a própria sorte, fazendo da política um “ser messiânico”, capaz de prover salvação, no entanto o que encontramos como conceito cristão e bíblico é que salvação é somente por meio da Graça mediante a fé (Efésios 2:8).
Em uma cosmovisão cristã, só Cristo salva, devemos depositar em cristo nossa esperança, mas o que temos visto é um surgimento da religião chamada ESTADO, há uma idolatria do estado, coisa típica de ideologia esquerdista, uma ESTADOLATRIA é a doutrina dos que recorrem ao Estado como quem pode resolver todas as dificuldades econômicas e sociais.
Quando a política pretende ser redentora, promete demais. Quando pretende fazer a obra de Deus, não se torna divina, mas demoníaca – Joseph Ratzinger
Romanos 13.1-7 é um dos textos mais importantes da história sobre a questão política. A palavra de Deus estabelece princípios claros acerca do papel do Estado e da responsabilidade dos cidadãos, a fim de que haja ordem e progresso na sociedade. Destacaremos, à luz do texto, três verdades importantes:
Em primeiro lugar, a origem das autoridades constituídas (Rm 13.1,2). Paulo diz que não há autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que existem foram por ele instituídas. Logo, se opor deliberada e formalmente à autoridade é resistir à própria ordenação de Deus. Aqueles que entram por esse caminho de desordem e anarquia trarão sobre si mesmos condenação. É óbvio que o apóstolo Paulo não está dizendo que Deus é o responsável moral pelos magistrados ditadores e corruptos que ascendem ao poder. Deus instituiu o princípio do governo e da ordem e não o despotismo. As autoridades não podem domesticar a consciência dos cidadãos nem desrespeitar a sua fé. Nossa sujeição às autoridades não é submissão servil nem subserviência, mas submissão crítica e positiva. A relação entre a Igreja e o Estado deve ser de respeito e não de subserviência. Deus não é Deus de confusão nem aprova a anarquia. Deus instituiu a família, a igreja e o Estado para que haja ordem na terra e justiça entre os homens.
Em segundo lugar, a natureza das autoridades constituídas (Rm 13.3-5). As autoridades constituídas não devem ser absolutistas. Elas governam sob o governo de Deus. A fonte de sua autoridade não emana delas mesmas nem mesmo do povo. Emana de Deus através do povo. Portanto, a autoridade é ministro (diákonos) de Deus, ou seja, é servo de Deus para servir ao povo. Aqueles que recebem um mandato pelo voto popular não ascendem ao poder para se servirem do povo, mas para servirem ao povo. Não chegam ao poder para se locupletarem, mas para se doarem. Não buscam seus interesses, mas os interesses do povo. Esse princípio divino mostra que o político que sobe ao poder pobre e desce dele endinheirado não merece nosso voto. O político que usa seu mandato para roubar os cofres públicos e desviar os recursos que deveriam atender as necessidades do povo para se enriquecer ilicitamente deve ter nosso repúdio e não nosso apoio. O político que rouba ou deixa roubar, que se corrompe ou deixa a corrupção correr solta, que acusa os adversários, mas protege seus aliados, não deve ocupar essa posição de ministro de Deus, pois Deus abomina a injustiça e condena o roubo.
Em terceiro lugar, a finalidade das autoridades constituídas (Rm 13.4-7). Deus instituiu as autoridades com dois propósitos claros: a promoção do bem e a proibição do mal. O governo é ministro de Deus não só para fazer o bem, mas, também, para exercer o juízo de Deus sobre os transgressores. Portanto, devemos sujeitar-nos às autoridades não por medo de punição, mas por dever de consciência. Cabe a nós, como cidadãos, orar pelas autoridades constituídas, honrá-las, respeitá-las e pagar-lhes tributo, uma vez que seu chamado é para atender constantemente à essa honrosa diaconia, de servir ao povo em nome de Deus. Quando, porém, as autoridades invertem essa ordem e passam a promover o mal e a proibir o bem, chamando luz de trevas e trevas de luz, cabe a nós, alertar as autoridades a voltarem à sua vocação. Se essas autoridades, porém, quiserem nos impor leis injustas, forçando-nos a negar a nossa fé, cabe-nos agir como os apóstolos: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).
Notas:
Joseph Ratzinger, Fé, verdade, tolerância (São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, 2015), p. 110.
Franklin Ferreira, contra a idolatria do estado (Editora Vida Nova)
Hernandes Dias Lopes
Site Bereanos – bereianos.blogspot.com.br
Site do Marcelo Berti – marceloberti.wordpress.com
Site Teologia Brasileira – teologiabrasileira.com.br
Soli Deo gloria