É no mínimo uma incoerência intelectual sustentar um discurso como esse no cotidiano da vida. O ser humano atualmente não pode mais ser contestado ou corrigido, a razão para isso é o fato de que temos de amar ao invés de julgar. Diante disso, a pergunta que fica no ar é a seguinte: não existe amor em meio à correção? Discernir, julgar, tomar decisões, escolher entre um caminho e outro, uma opção e outra, corrigir, retomar, rejeitar, são atitudes inerentes à vida, fazem parte do desafio de existir desde quando o mundo é mundo. Estão querendo, então, pintar uma realidade em que o discernimento entre o bom e o ruim, o justo e o injusto, é algo dispensável e desprezível? Estão querendo que rasguemos nosso senso crítico como uma folha de papel rascunho e o atiremos na lata do lixo? Como assim? Negar isso é privar o ser humano da construção sadia da sua própria personalidade e de seus próprios valores, negar esse processo crítico inerente ao ser humano e todas as suas implicações seria o cúmulo da relativização. Se formos privados do direito e, por que não, do dever de julgar, cairemos num completo suicídio existencial, pense comigo, como poderiam se sustentar as relações e a convivência humana diante de tal quadro?

Temos fortes sinais deste tipo de pensamento, que é chamado de liberalismo moral, já presentes no seio da sociedade atual. Impunidade escancarada, multiculturalismo em prol do “bem comum”, relativização de inúmeros valores inegociáveis pela sociedade até então, flerte, pelo menos no ocidente, com a legalização de práticas como o aborto, zoofilia, pedofilia, canibalismo, e a máxima “o corpo é meu faço dele o que eu quiser” proclamada aos quatro cantos, gostem ou não. Tudo em nome da liberdade e da autonomia do ser humano. A mentira da vez é que o ser humano é livre, mesmo sendo claramente, escravo de suas próprias vontades, por mais bizarras que elas sejam. Não existe mais errado, tudo é relativo, cada um constrói a sua verdade e ninguém mais julga ninguém. Pergunta honesta: qual pessoa com o mínimo de senso crítico realmente acredita num discurso como esse? Então, quer dizer que todas estas pessoas que exigem que se pare com julgamentos também não julgam mais nada e ninguém? Isso não faz sentido! Estamos sendo imbecilizados, estão querendo impor sobre nós um consciente coletivo onde todo mundo deve pensar dentro de uma determinada caixa que abrange certas ideologias e aquele que não o fizer, automaticamente é considerado fundamentalista, retrógrado, mente fechada, ridículo, burro, ignorante, ditador e por aí vai. Querem nos tirar a capacidade de entender e discernir a realidade até o ponto que nos transformemos em seres de pensamento acrítico.

Deixar de exercer juízo sobre as pessoas e seus comportamentos em sociedade é escancarar as portas para que em pouquíssimo tempo coisas que hoje, ainda, são absolutos inquestionáveis tornem-se questionáveis, combatidos e vencidos. Imagine dentro de poucos anos, pedófilos com aval da sociedade para agirem livremente, como já tem sido amplamente discutido em países como Estados Unidos e Inglaterra. Ou então que o canibalismo seja legalizado mediante consenso mútuo dos envolvidos. O que você pensaria? Ah não! Vamos com calma, não podemos julgar! Percebem onde isso pode parar? Se o ser humano excluiu Deus de sua agenda e trabalha numa velocidade cada vez maior para extinguir todos os valores judaico-cristãos extraídos da Escritura Sagrada que ajudaram a construir toda a moral e ética do ocidente, o que vai nos restar? Qual balança iremos usar? A qual absoluto iremos recorrer? Gente, se cada um tem a sua verdade, pensa o que quer, faz o que quer, se não existe absoluto moral algum porque ninguém pode julgar ninguém em nome do amor, quem poderá falar com propriedade sobre o que é certo ou errado? Não existe autoridade. A alegação de um pedófilo será, por exemplo, que se envolver sexualmente com uma criança é uma forma que ele tem de demonstrar amor por ela. Se tudo é relativo e cada um tem sua verdade, quem, legitimamente, poderá contestar o argumento deste homem? Conseguem compreender que se aprofundarmos um pouco mais as implicações desse discurso politicamente correto no cotidiano da vida podemos estar comprometendo a nossa ordem como humanidade? Onde vamos parar?

Obviamente, esse texto não tem por objetivo esgotar a discussão, mas o argumento que o ser humano é autônomo e pode fazer o que quiser, contanto que não desrespeite a existência do outro é perigosíssimo. O ser humano não é autônomo, antes, é formado por inúmeros fatores que o afetam desde criança; família, ambientes, crenças, sejam religiosas ou não, atividades, criação, escolaridade, tudo isso compõe uma gama enorme de influências sobre a mente de um indivíduo. O ser humano não pode conceber sua existência como uma ilha, esse argumento é falho, fomos criados para viver em comunidade, tudo que fizermos reverberará direta ou indiretamente no nosso próximo. Amigos, o que seria do “eu” sem o “tu”? Em última instância, não estaríamos nem aqui, não haveria raça humana. O indivíduo achar que aquilo que ele faz, seja de bom ou de ruim, repercute apenas e exclusivamente nele mesmo é, no mínimo, inocência.

Por tudo isso, o exercício do discernimento e do julgamento tão combatido atualmente, é e sempre foi fundamental para o bom andamento da convivência e da ordem das coisas. No entanto, a ideia aplaudida e reverenciada nos dias atuais é o franco combate ao ato de se julgar, esta ideia, na grande maioria das vezes, tem sido fundamentada erradamente sobre os ensinos de Cristo registrados na Escritura Sagrada, e a este ponto gostaria de me dedicar neste momento. Vejamos o principal texto utilizado para sustentar essa posição:

Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus. Porque Deus julgará vocês do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma medida que vocês usarem para medir os outros. Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, quando você está com uma trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão. (Mt 7.1-5 NTLH)

Claro que a prática de se julgar indiscriminada e levianamente é combatida de forma contundente por Cristo! Isso é óbvio! Nós como seres humanos falhos, temos de nos policiar em todo o tempo, pois, para nós é natural criticar e denegrir o outro com muito mais facilidade do que a nós mesmos. Esse posicionamento é desprezível e aquele que age assim é chamado pelo próprio Cristo de “hipócrita”. O julgamento hipócrita é feito por aqueles que não têm autoridade alguma para julgar o assunto que estiver em questão. O ensinamento de Cristo nesse caso é “tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão”. Notem que ele diz “tire a trave do olho para que, então, esteja apto para tirar o cisco do olho do seu irmão”. Jesus não condena o ato de tirar o cisco do olho do irmão, e sim, a atitude hipócrita, desprovida de amor, de condenar alguém sem que tenhamos autoridade alguma para fazê-lo.

O julgamento cristão nunca deve ser desprovido de compaixão e amor por aquele que está sendo julgado. O próprio Deus “corrige a quem ele ama e castiga a quem ele aceita como filho” (Hb 12.6-7). Dizer que Jesus condena todo e qualquer julgamento é infantilidade mimada de quem busca um espaço inexistente nos ensinos bíblicos para avalizar suas práticas erradas. O próprio Cristo combate a postura infantil dos judeus de sua época e ordena: “julguem segundo a reta justiça”, leiam João 7 e tirem suas próprias conclusões. O mesmo Jesus que diz “não julgueis”, agora diz “julgai segundo a reta justiça”? Está Cristo se contradizendo ou somos nós que não estamos o entendendo? Fico com a última resposta. Basta uma busca honesta e corajosa pela Escritura e veremos que somos ordenados a combater falsos mestres, falsos ensinos, dominar, administrar e sujeitar a terra como bons mordomos, trata-se de uma tarefa grandiosa e para cumprimos estas coisas julgar é e sempre será imprescindível.

Com esse discurso politicamente correto de “não julgueis” estamos barateando o sacrifício de Jesus Cristo na cruz do calvário, como se todo seu sofrimento e morte fossem o passe-livre que precisávamos para viver uma vida promíscua e despreocupada com a santidade. As vezes tenho a impressão que em certas ocasiões a expressão “não julgueis” significa muito mais um “deixe-me pecar em paz” do que qualquer outra coisa. Sinceramente, esse pensamento me assusta. Todo o plano de Deus não é e nunca foi sacrificar o seu Filho para que o homem pudesse ficar livre e tranquilo para praticar seus pecados sentido-se perdoado, não! Deus penalizou-se a si mesmo, matando seu Filho amado, para que pudéssemos, enfim, nos livrar do jugo do pecado! Por mais formoso que possa parecer aos nossos olhos, o pecado é mau e nos afasta de Deus. Parece que estamos tentando arrumar uma desculpa para trilhar exatamente o caminho oposto. O ser humano é pecador e vai cair, sim! Vai pecar, sim! E justamente nesta hora temos de ser ainda mais amorosos e gentis com aquele que cai, estendo-lhe mãos de socorro, perdão e correção. No entanto, não é porque temos de ser amorosos, que faremos vistas grossas e seremos condescendentes com o erro. Se você quer saber o quanto o pecado é detestável para Deus, olhe para a cruz, veja o que Ele fez Cristo, seu Único Filho, padecer por causa do seu e do meu pecado! Se você quer saber o quanto Deus ama o ser humano e quer que ele se livre do salário do pecado, olhe para cruz! A cruz é o cenário mais estonteante da história!

Muitos pregam o maravilhoso evangelho do “eu também não a condeno” de João 8.11, mas, se esquecem de pregar o não menos maravilhoso evangelho do “agora vá e abandone sua vida de pecado” do mesmo João 8.11. É preciso entender que esta segunda afirmação também é carregada de amor, bondade e cuidado de Deus. Cristo só pôde dizer àquela mulher “eu também não a condeno” porque sabia que muito em breve ele padeceria horrores numa cruz em pagamento dos pecados dela, alguém teria de pagar aquela conta. O Filho de Deus ofereceu sacrifício alto demais para que vivamos conformados à lama do pecado. É importante refletir que na grande maioria das vezes crescemos e aprendemos muito mais com as dificuldades e tempestades da vida do que com os momentos de bonança. Correção é dádiva! Seguir a Cristo implica em constante luta contra nossa natureza pecaminosa. Foi sempre assim, o apóstolo Paulo já dizia aos coríntios: “esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado”. Vejo muita gente falando por aí que Deus é amor, mas quase ninguém dizendo com a mesma ênfase que Ele também é santo, do mesmo jeito e na mesma essência. Permitam-me uma ousadia teológica, se fôssemos examinar ao longo de toda Escritura, o único atributo de Deus que é repetido três vezes é o atributo de sua santidade. Em nenhum lugar vemos Deus sendo chamado de justo, justo, justo, ou, amor, amor, amor. Servimos a um Deus que é Santo, Santo, Santo e seu amor não existe e nunca existiu em detrimento de sua santidade. Portanto, por mais dolorido que seja, que nos alegremos nos momentos em que formos julgados “segundo a reta justiça”, este será sempre um grande sinal de que Deus nos ama e quer o melhor para nós. Que combatamos sim, em nosso meio, a prática leviana do julgamento hipócrita, desprovido de amor que não aponta para glória de Deus e para recuperação do próximo, tal comportamento deve ser banido do nosso coração e da nossa prática. Mas, que também nos posicionemos de modo a trazer maior lucidez e coragem para este tema que tem sido grosseiramente manipulado em detrimento de interesses que não atendem em absoluto a agenda do Reino de Deus. Que não transformemos o evangelho do Cristo Bendito em uma ideologia barata, ou numa espiritualidade a la carte onde cada um se serve daquilo que bem entende e julga ser correto e mais confortável para si.

Aliás, já perceberam que todos nós julgamos todo mundo e todas as coisas o tempo todo, e exigir que alguém pare de julgar é uma contradição lógica e ao mesmo tempo uma hipocrisia? Que tenhamos maior profundidade, coragem e maturidade em encarar as questões sérias que compõem a nossa realidade, sempre em amor, para glória de Deus e zelosos pelo próximo. As vezes é bem difícil, mas nunca foi tão necessário.

Soli Deo gloria

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses contra a venda de indulgências. A data marca o início da Reforma Protestante e de um novo momento na história da humanidade.

Nenhum aspecto da vida humana ficou intacto, pois abrangeu transformações políticas, econômicas, religiosas, morais, filosóficas, literárias e nas instituições. Foi, de fato, uma revolta e uma reconstrução do norte”, afirma o escritor Eby Frederick.

Na educação, os impactos foram determinantes. Na Idade Média, a igreja era a única responsável pela organização e manutenção da educação escolar. A partir do século 16, surgiram as nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e formou-se a classe média.

O historiador e professor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, Rev. José Carlos de Souza, explica que o comércio, a atividade pública e as próprias igrejas, entre muitos outros setores, possuíam demandas que requeriam cuidadoso preparo. Toda mudança social traz novos desafios.

“Certamente, por essa razão, Lutero sentiu-se impelido para falar e se pronunciou de modo enfático sobre a necessidade das autoridades civis investirem na educação”, avalia o professor.

Neste contexto, os movimentos da Renascença e da Reforma são precursores de profundas mudanças na concepção de ensino. “A educação começa a visar de modo claro e definido à formação integral do homem, o seu desenvolvimento intelectual, moral e físico”, conta o professor Ruy Afonso da Costa Nunes.

Cidadania – Martinho Lutero também estimula a criação de escolas para toda a população. Houve forte ênfase ao ensino para suprir as demandas da recém chegada sociedade moderna, com dimensões geográficas, políticas, econômicas, intelectuais e religiosas em transformação.

A contribuição da Reforma no contexto educacional é tamanha que, de acordo com o educador espanhol Lorenzo Luzuriaga, a educação pública teve origem nesta época. O movimento já estimulava a educação pública, universal e gratuita, para quem não poderia custeá-la.

“A educação pública, isto é, a educação criada, organizada e mantida pelas autoridades oficiais – municípios, províncias, estados – começa com o movimento da Reforma religiosa”, afirma Luzuriaga.

Em Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham escolas cristãs, publicado em 1524, Martinho Lutero desafia a sociedade a promover uma educação integral. “Lutero queria todos os cidadãos bem preparados, para todas as tarefas na sociedade. Propôs uma escola cristã que visasse não uma abstração intelectual, mas a uma educação voltada para o dia-a-dia da vida”, explica o professor  Alvori Ahlert.

O pastor luterano Walter Altmann comenta a referência de Lutero para o desenvolvimento da educação. “Rompeu com o ensino repressivo, introduzindo o lúdico na aprendizagem. Amarrou o estudo das disciplinas a um aprendizado prático. Também lutou por boas bibliotecas, dentro de sua ótica cristocêntrica”, revela Altmann no livro Lutero e a Libertação.

“Pela graça de Deus, está tudo preparado para que as crianças possam estudar línguas, outras disciplinas e história, com prazer e brincando. As escolas já não são mais o inferno e o purgatório de nosso tempo, quando éramos torturados com declinações e conjugações. Não aprendemos simplesmente nada por causa de tantas palmadas, medo, pavor e sofrimento”, escreveu Martinho Lutero.

A aprendizagem construiria cidadãos capacitados, honestos e responsáveis. Era exatamente esta a necessidade do novo modelo de sociedade que surgia na época. De acordo com o pesquisador Evaldo Luis Pauly a rápida divulgação de ideias e concepções por meio da imprensa descoberta por Gutemberg, também contribuiu para que as iniciativas de estímulo educacional crescessem.

Universidades – As mudanças e ênfases da Reforma estimularam o surgimento das instituições de ensino. “A história das universidades nos estados alemães durante os séculos 16 e 17 foi determinada pelo progresso da religião e é quase idêntica a do desenvolvimento da teologia protestante”, declara Paul Monroe no livro História da Educação.

Nestor Beck diz que a Universidade de Wittenberg atraiu um número crescente de novos alunos, pela fama que passou a ter, entre os anos de 1517 a 1520. A Reforma Protestante deixou a concepção de que a ignorância é o grande mal para a verdadeira religião, por isso, superá-la é uma responsabilidade de todos. “O melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos, muitos cidadãos ajuizados”, dizia Martinho Lutero.

Expansão – O pensamento e o movimento protestante logo expandiram. A América do Norte, por exemplo, contou com a colonização de vários grupos protestantes, na chamada segunda reforma. O antropólogo e escritor Darcy Ribeiro afirma, no livro Universidade Necessária, que nos Estados Unidos o ensino superior “cresceu mais livre, democrático e fecundo”.

As igrejas cristãs prevalecem no cenário educacional norte-americano no século 17 e início do 18. O professor Almiro Schulz explica que após a independência dos Estados Unidos em 1776 e a separação entre igreja e estado, houve uma ênfase ao ensino superior público, secularizado e sob controle do estado.

“A igreja reagiu por meio da educação. As confissões, principalmente presbiteriana, batista, congregacional, metodista se lançaram no ensino superior”, conta o professor Almiro Schulz.

De acordo com o pastor e professor metodista José do Nascimento a participação metodista na educação se deu, de maneira consciente, a partir de 1820, devido a alteração da legislação da Conferência Geral, que permitiu aos bispos nomear clérigos metodistas para a direção de instituições de ensino. No início, a ênfase do ensino metodista era rural, mas se voltou mais tarde para o ensino superior.

Educação Metodista no Brasil – O professor metodista Elias Boaventura deixou informações importantes sobre a historiografia da educação da Igreja Metodista no Brasil. Em publicações ele declara que os missionários metodistas norte-americanos, que chegaram ao país a partir do final do século 19, foram portadores de um arrojado projeto de expansão religiosa, que incluía, de um lado, o trabalho de catequese e implantação da nova denominação, e do outro, a ênfase na educação.

Em 1871, foi organizada a primeira Igreja Metodista do Brasil, em São Paulo, e, em 1881, foi fundado o primeiro colégio, em Piracicaba-SP, o Piracicabano, representando, de acordo com Boaventura, o marco inicial das atividades educacionais da Igreja Metodista no Brasil.

“A iniciativa educacional logrou imediato apoio dos governantes, das elites políticas de tendência republicana, e de todos que viam no novo modelo, de inspiração liberal e iluminista, uma alternativa capaz de contribuir para o avanço do projeto educacional brasileiro”, afirmou Elias Boaventura.

O projeto metodista de educação foi implantado e destacou-se pela qualidade oferecida. Um dos primeiros historiadores metodistas, James Kennedy, revela que em Piracicaba-SP, logo começaram a afluir as crianças para o colégio que em pouco tempo foi reconhecido como o melhor na cidade, sendo frequentado pelos filhos das melhores famílias.

Além do Piracicabano, outras escolas como o Granbery, em Juiz de Fora-MG, o Bennet, no Rio de Janeiro-RJ, o Americano, de Lins-SP foram constituindo as marcas da educação metodista na região sudeste do país. No sul, instituições como o Colégio Americano, fundado em 1885 também propagaram o ensino identificado com pedagógico liberal.

A professora do Centro Universitário Metodista em Porto Alegre-RS, Denise Grosso da Fonseca, explica que na década de 80, a Igreja Metodista do Brasil, autônoma desde 1930, passou por momentos de profunda reflexão, redefinindo muitos aspectos de sua vida e trabalho. “A educação, preocupação fundamental dos metodistas desde sua origem, teve suas diretrizes repensadas à luz da palavra de Deus, do Credo Social e do Plano para Vida e Missão da Igreja Metodista”, declara.

A reflexão gerou o documento Diretrizes para a Educação, que foi aprovado pelo 13º Concílio Geral da Igreja Metodista, em 1982. O texto aponta que as práticas educativas devem ser norteadas por princípios que: desenvolvam consciência crítica da realidade; compreendam que o interesse social é mais importante que o individual; exercitem o senso e a prática de justiça e solidariedade; alcancem a realização como fruto do esforço comum; tomem consciência de que todos têm direito de participar de modo justo dos frutos do trabalho e reconheçam que, dentro de uma perspectiva cristã, útil é aquilo que tem valor social.

Fonte: Universidade Metodista de São Paulo.

Soli Deo gloria